Para implantar o Golpe de Estado em 1964 no Brasil, algumas tropas – lideradas pelo general Mourão Filho – vieram de Minas Gerais para a cidade do Rio de Janeiro. Em Friburgo, havia um jornalista que em seu “Rover”, de cor verde oliva, acompanhou o cortejo dos carros militares que oficializariam o regime militar. O jornalista que se escondeu entre os militares para presenciar nas coxias do evento – um dos mais importantes atos políticos do país –, chama-se Pery Cotta, e, atualmente, é professor nas Faculdades Integradas “Hélio Alonso”. Cotta fala em seu livro “Calandra: O Sufoco da Imprensa nos Anos de Chumbo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.", sobre a importância do jornal “Correio da Manhã”, à época de exceção, e de como um jornal tão conservador decidiu estreitar relações com as causas dos movimentos civis e denunciar as arbitrariedades do regime.
O jornalista e professor Pery Cotta comenta, inclusive, sobre a instauração da ditadura e de como esse ato foi uma resposta a um comunismo que, na época, sequer, de fato, existiu. Fala, também, sobre a matéria "Operação Mata Estudante" – caso PARA-SAR – e sobre a perseguição vivida por ele após a publicação de uma matéria no “Correio da Manhã”, em 04 de outubro de 1968: Cotta denunciou a operação em que alguns líderes políticos seriam seqüestrados e jogados no alto mar, e ainda, a explosão de um gasômetro no início da Avenida Brasil. Segundo o jornalista, sua ficha política o acusava de militância, viagens à Europa para uso de drogas, e envolvimento político com o Partido Comunista Brasileiro (PCB); fatos que nunca aconteceram.
*Entrevista concedida em 10 de maio de 2011 à Yasming Pereira nas Faculdades Integradas Hélio Alonso.
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