terça-feira, 19 de julho de 2011

Telles: " Sabiam - os militares - que eram anticomunistas, mas eles não tinham uma definição, uma clareza"

Méier, Faculdades Integradas Hélio Alonso, 13 de junho de 2011. São 19 horas da noite. Quando abri a porta da sala e o olhei fixamente, o professor de História José Guilherme Telles sorriu e disse: “Ih, esqueci, mas já vou te atender”. Ele estava dando a verificação de aprendizagem final para aquela turma. Saiu da sala, fechou a porta e entrou na sala seguinte onde eu estava. A nossa conversa seria sobre a ditadura civil-militar. Durante a entrevista Telles comenta a participação e intervenção militar nas decisões do estado desde a década de 20 quando ocorreu o tenentismo e a dificuldade da separação desses dois órgãos: Estado e Grupo Militar.
Telles também comenta a participação dos setores da classe média, igreja, empresariado, imprensa e sociedade no evento de regime militar instaurado em 1964, confirmando assim, mais uma vez a idéia de ditadura civil-militar. Ele vai citar a falta de preparo e de ideologia dos militares quando assumiram o poder. Porque muito foi feito para a tomada de poder e ascensão, mas faltava algo que trouxesse a identidade política a esse grupo militar.

domingo, 15 de maio de 2011

Pery Cotta: o Regime Militar e a imprensa nos Anos de Chumbo*


Para implantar o Golpe de Estado em 1964 no Brasil, algumas tropas – lideradas pelo general Mourão Filho – vieram de Minas Gerais para a cidade do Rio de Janeiro. Em Friburgo, havia um jornalista que em seu “Rover”, de cor verde oliva, acompanhou o cortejo dos carros militares que oficializariam o regime militar. O jornalista que se escondeu entre os militares para presenciar nas coxias do evento – um dos mais importantes atos políticos do país –, chama-se Pery Cotta, e, atualmente, é professor nas Faculdades Integradas “Hélio Alonso”. Cotta fala em seu livro Calandra: O Sufoco da Imprensa nos Anos de Chumbo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.", sobre a importância do jornal “Correio da Manhã”, à época de exceção, e de como um jornal tão conservador decidiu estreitar relações com as causas dos movimentos civis e denunciar as arbitrariedades do regime.



O jornalista e professor Pery Cotta comenta, inclusive, sobre a instauração da ditadura e de como esse ato foi uma resposta a um comunismo que, na época, sequer, de fato, existiu. Fala, também, sobre a matéria "Operação Mata Estudante" – caso PARA-SAR – e sobre a perseguição vivida por ele após a publicação de uma matéria no “Correio da Manhã”, em 04 de outubro de 1968: Cotta denunciou a operação em que alguns líderes políticos seriam seqüestrados e jogados no alto mar, e ainda, a explosão de um gasômetro no início da Avenida Brasil. Segundo o jornalista, sua ficha política o acusava de militância, viagens à Europa para uso de drogas, e envolvimento político com o Partido Comunista Brasileiro (PCB); fatos que nunca aconteceram.




 
*Entrevista concedida em 10 de maio de 2011 à Yasming Pereira nas Faculdades Integradas Hélio Alonso.

sábado, 30 de abril de 2011

Beatriz Kushnir: Censura, Autocensura e os "Cães de Guarda"


 

Um acordo entre os que se propõem a escrever sobre a censura e a Ditadura Militar no Brasil, é que a censura vivida na época trouxe a limitação dos jornalistas dos principais jornais da época e da sociedade. O livro "Cães de Guarda – Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988", de Beatriz Kushnir, vai confirmar essa ideia e trazer a ela uma nova abordagem. No livro, confirma-se haver na época jornalistas que colaboravam com o regime seja através da troca de informações seja também através da própria autocensura. Em seu livro a autora afirma:

"De modo algum quero dar a entender que a maioria dos jornalistas tenha desempenhado o papel de censor, pois isso não é verdade. Existiram jornalistas que colaboraram com o regime, e outros que resistiram a ele e/ou combateram-no. (...) Não quis dizer que todos colaboraram, apenas quis mostrar que nem todos  opuseram." **

Em nossa entrevista, Kushnir comenta sobre a censura e a autocensura da época como mecanismos mantenedores do Regime. Também abordamos sobre o decreto n° 20.493/46, lançado em 24 de janeiro de 1946, que pôde, através do seu funcionamento, confirmar a censura no Brasil muito antes de 1964, e como, assim, se estabelecia a aceitação da censura na sociedade.

 

 

* Entrevista concedida à Yasming Pereira em 27 de abril de 2011 Por Beatriz Kushnir no Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro.

** Trecho do livro "Cães de Guarda – Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988" p.37.

 

 

  Yasming Pereira
 

quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Titulo.

Títulos podem designar a idéia principal de suas respectivas obras. Ao nomear – algumas vezes com uma palavra – eles indicam e significam a produção de um trabalho. Obviamente, toda significação é representatividade de uma percepção muito pessoal. É humano que busquemos significados de determinadas coisas, mas todas as interpretações são resultados de concepções perceptivelmente pessoais. Não anulo a significação uma que um autor queira dar à sua obra, mas é bom ter em mente que o público é quem decide qual ou quais reais sentidos uma obra adotará para si. E não esqueçamos, esse corpo que assiste o produto tem uma percepção tão plural e multifacetada que talvez nenhuma obra ou título demitam-se em si mesmos.
O título deste trabalho pode assumir ao menos duas concepções diferentes. Primeiro nos interessa definir o sentido da palavra “MEIO”. Segundo o dicionário PRIBERAM a palavra MEIO  vem do latim MEDIUS (Lembra-me mídia), e significa:
Meio
adj.
1. Que indica a metade (de um todo).
2. Que está numa posição intermédia. = meão, mediano, médio
3. Que tem fraca intensidade. = moderado
(...)
12. O que estabelece comunicação.

Meios
meio de comunicação (social): órgão de difusão de informação.

Entendido o significado da palavra, então partamos à explicação. O título escolhido foi: Meios da Censura.  A palavra meios no contexto do título adota num primeiro instante o sentido de :  1. As formas;  2. Os modos;  3. Métodos;  4. Maneiras da censura.  Já em um segundo sentido -  e esse é o mais cabível ao que elaboramos para o desenvolvimento deste trabalho – entendemos o título como:  Os meios de comunicação que são (ou) pertencem à censura (ou) ao censurador. E aqui “pertencer” quer dizer estar envolvido, ser objeto de uso, estar preso  a algo ou alguém sem possibilidade de reação.  O blogger Meios da Censura irá comentar sobre os meios de comunicação, em geral impressos, que foram reféns da censura na época do regime militar brasileiro.  No próximo texto faremos um breve roteiro explicando por exemplo: o que foi a ditadura no Brasil; suas causas;  como aconteceu; o que é censura?; tipos de tortura; a efervescência cultura da época; métodos de censura; processo de apuração dos meios de comunicação na década de 60; a reforma educacional e como ela pode interferir no comportamento humano; o jovem da década de 60, aspirações e anseios;  faremos uma pequena abordagem psicológica quanto à herança cultural e psíquica que a ditadura possa ter nos deixado (explico posterior melhor esta questão);  e claro compor essas explicações com entrevistas realizadas com especialistas de cada área.
Compreendido o valor “semântico ” da frase que compõe o título, o máximo que faremos agora é nos reencontrar neste mesmo endereço ao menos uma vez por semana. Serão postadas notas, matérias, especiais, links, informativos, dicas de livros, e tudo que puder complementar o conceito do que foi a censura no Brasil. Até a próxima.
Yasming Pereira

Pauta Principal.

Nome: Os Meios da Censura. Data: 03 / 2010



RETRANCA: Censura na Ditadura.

TEMA: Vamos produzir uma pesquisa para projeto final do cursos de Jornalismo. Assim como tantos países passaram pela ditadura o Brasil parece não querer relembrar o episódio que marcou a década de 60. Exatamente por isso, são poucos os registros e informativos e poucos os que têm acesso ás informações do evento.

O trabalho - parte integrante do meu TCC - Projeto experimental de conclusão de cursos de graduação - fará um recorte da ditadura militar no Brasil a partir da censura. O intuito é comentar o regime a partir das ações de intervenção em matérias, notas ou editoriais em meios impressos de comunicação. Abordaremos a relação desses veículos com a censura; a sua linha editorial, como ocorria a pré-produção jornalística e a apuração de uma notícia até a chegada desses impressos às bancas. E assim entender como e quando a censura interferiria ou anularia a exibição de determinados conteúdos.

Na década de 60 o país efervescia em produção artística e cultural, por isso vamos também citar músicas e autores censurados assim como quaisquer outros tipos de obras que possam ter relevância ao objetivo do trabalho. Falaremos sobre participação política. Quem era o jovem da década de 60? ; suas aspirações e anseios; Porque uma estrutura e reforma educacional? E como isso pode influenciar em decisões políticas e na reação do povo? E então, será debatida uma comparação entre o jovem daquela época e o atual; Será que hoje teríamos a mesma impulsão de realizar nossos ideais?; Quais seriam os ideais do jovem hoje?



Serão realizadas entrevistas em link com o blogger Os Meios da Censura com personagens que vivenciaram a época e especialistas que possam comentar sociedade da década de 60 eo evento do Regime Militar. Cada personagem realizará a entrevista em algum ponto histórico que remeta ou lembre a ditadura militar. Claro que algumas locações podem variar conforme a disponibilidade do entrevistado e disponibilidade do local.

Vamos ressaltar a posição política do país na época; E o cenário social-político do mundo em regiões que serviram de inspiração ao nosso país; E então entender como reações na França podiam ser de inspiração (ou não) ao Brasil, como no caso, da revolução em Sorbonne.

A imposição da Ditadura se fez ao povo como uma maneira de buscar ordem e progresso. Mas se, segundo Platão, o bem é alinhado à luz da razão, então porque a Ditadura confunde os seus motivos à razões paranóicas? Segundo relatos, toda a raiz do comunismo no Brasil, naquela época, era somente um ensaio amador de um sonho utópico. Na tentativa de controlar essa raiz (existente ou não) foi instaurado o golpe militar que depôs João Goulart- Jango. Se não havia comunismo então, partiu a Ditadura de uma paranóia? Vamos tentar responder esta pergunta através de um delineio da sociedade daquela época.

Porque os arquivos não foram abertos? Que órgão hoje investiga esses documentos? O que foi feito até hoje quanto a investigação do regime? Quem até o momento recebeu indenizações do governo referente a sua participação ou a participação de familiares nesse fato histórico?

Sobre os personagens deste fato : como e quais os principais que faziam parte das classes opositoras? Que perfil de sociedade permitiu de forma indireta ou direta a ação do regime e porque este regime não seria viável nos dias de hoje? Ou seria? Cada geração tem ideais diferentes da geração anterior, então, que ideais calcavam a geração daquela época. E que herança histórica/cultural e de pensamento obtemos da ditadura? E então, com base em explicações de um especialista em psicologia/sociologia discutiremos sobre que tipo de pensamentos ou comportamentos foram enraizados naquela época, e que interferem nos dias atuais, na geração atual.

EDITORIA: Política

ENFOQUE/ENCAMINHAMENTO: A censura. Suas causas. Características. Modos.